A política em Fátima do Sul parece ter descoberto um novo talento: o de transformar silêncio em espetáculo. Na atual legislatura, alguns vereadores que em gestões passadas se mantinham calados diante de falhas administrativas, agora se mostram verdadeiros fiscais implacáveis — ainda que a mira nem sempre esteja ajustada à realidade.

A situação mais recente envolve a pavimentação da estrada que liga a MS-147 ao cemitério municipal do distrito de Culturama. Uma obra esperada há anos pela população, finalmente executada com recursos estaduais e com projeto elaborado ainda na gestão anterior. Tudo corria bem até o prefeito Wagner da Garagem gravar um vídeo comemorando a realização da obra — sem mencionar que o projeto havia sido elaborado anteriormente.

Isso foi o suficiente para acender a fúria de alguns vereadores de oposição. O que antes era esquecimento virou omissão. O vídeo virou motivo de revolta. E o detalhe técnico, virou manchete política. O curioso é que, até então, esses mesmos vereadores pouco — ou nada — falavam em sessões anteriores, mesmo diante de erros bem mais gritantes.

Mas a trama não para por aí. Uma semana depois, as críticas voltaram com força, agora por causa de um poste de energia elétrica que não foi retirado antes da chegada do asfalto. Segundo os críticos, o erro é da atual gestão — mesmo com o projeto sendo de responsabilidade da gestão anterior e a execução da obra feita diretamente pelo Governo do Estado, por meio de uma empresa contratada.

“Não dá pra entender. Se o projeto foi feito pela gestão anterior, por que não previram a retirada do poste? Agora o mérito da obra é da antiga prefeita, mas o erro do poste é do atual? Difícil entender essa matemática política”, comentou um morador da região, que pediu anonimato por temer represálias.

Enquanto isso, o prefeito Wagner da Garagem segue trabalhando. Mesmo sob o bombardeio constante de críticas muitas vezes desconexas com a realidade técnica e administrativa dos fatos, sua gestão continua avançando em obras, parcerias com o governo estadual e ações que beneficiam a população de Fátima do Sul como um todo.

É legítimo fiscalizar. É dever do vereador cobrar. Mas a coerência, esta sim, parece ter sido esquecida — junto ao projeto do poste — lá no passado, quando o silêncio era conveniente e as críticas não rendiam curtidas nem manchetes.